terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Crítica: "Whiplash: Em Busca da Perfeição"

Whiplash: Em Busca da Perfeição
(Whiplash)
Drama/Música- 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 08/01/2015
Direção: Damien Chazelle
Distribuidora: Sony Pictures Classics


       É comum a cada começo de crítica expor uma pequena sinopse sobre o objeto a ser abordado em seguida. Porém, o próprio poster de "Whiplash" (sem contar o subtítulo em português) tem tanto sucesso em abordar o tema principal que perpassa a história, que colocar isso em palavras seria um pouco redundante. Como mostrado no pôster, o filme conta a história de um baterista, Andrew Neiman, sendo constantemente empurrado ao seu limite extremo, também no sentido físico, mas principalmente no lado psicológico

      Se 2014 já havia tido um incrível filme sobre música, o subestimado Frank, o fim do ano nos trouxe ainda outro maravilhoso filme com a mesma temática. Acredito que os dois filmes se tratem de dois lados de uma mesma moeda. Enquanto Frank, com seu muito particular humor e sentimento próprios de um filme indie, explora a alma criativa e inspirada de um artista, "Whiplash" é um daqueles filmes que, no bom sentido, consegue perturbar o espectador a cada cena, o que não podia ser diferente, uma vez que o tema principal que percorre todo filme é a obsessão de um artista, que leva seu corpo e sua mente à beira do precipício enquanto busca por perfeição e grandeza.
      A comparação mais óbvia para o filme é com algo presente durante todo o filme: uma banda, pois "Whiplash" é constituído de vários "instrumentos" tocando de maneira perfeita que formam um todo extremamente coeso e que chega assustadoramente à beira da perfeição. Estes instrumentos são a direção, a fotografia, a edição, e principalmente o roteiro e as atuações.
      A direção do filme é sempre muito competente, acompanhando o ritmo do roteiro, às vezes até literalmente, com as trocas de cena que acompanham o ritmo da música que está sendo tocada. Além disso, os enquadramentos de câmera sempre dão uma importante noção de proximidade com relação aos personagens, principalmente Neiman, algo crucial para o estudo psicológico que o filme faz de seus personagens. A edição do filme também funciona incrivelmente bem, com um ritmo muito constante e bem definido e que cria uma ótima progressão para a narrativa.
      Mas o maior brilho do filme fica por conta da perfeita combinação do roteiro e das incríveis atuações de Miles Teller (Andrew) e J.K. Simmons, interpretando o professor de Andrew, Fletcher, que conseguem criar personagens extremamente profundos e marcantes. É absolutamente incrível como o filme consegue construir o personagem de J. K. Simmons na primeira cena que ele aparece, bem como a relação que os dois personagens, Andrew e Fletcher, terão durante o restante da película. É incrível acompanhar a aparente transformação que Andrew tem durante o filme, mostrada sempre de maneira muito competente em cenas a primeira vista muito cotidianas, como um primeiro encontro com Nicole ou um jantar com sua família, graças aos espetaculares diálogos presentes nessas cenas.
        "Whiplash" é um filme que carrega uma importante mensagem, mas que não se limita a fazer julgamentos de valor em relação a seus personagens, e não cai na tentação de fazer o previsível final politicamente correto com uma lição de moral, algo extremamente tentador para um filme que trata dos limites da obsessão. Assim como "Nightcrawler", "Whiplash" é uma daquelas histórias que consegue marcar e fazer refletir cada um daqueles que tiveram a felicidade de a acompanhar.


 
 



Excelente

Por Obi-Wan 

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