quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Crítica: "Carol"

Carol
Drama/Romance
Data de Estreia no Brasil: 14/01/2016
Direção: Todd Haynes
Distribuidora: Mares Filmes

Tente imaginar a vida de uma mulher nos anos 50, em todas as dificuldades que ela pode encontrar dentro e fora do casamento. Imagine como é pra essa mesma mulher enfrentar um divórcio, que envolva a guarda de um filho. Imagine agora que essa mesma mulher é lésbica e seu marido sabe que ela é, e obviamente não consegue aceitar esse fato. Passe agora a imaginar uma mãe tendo de se separar de sua filha por sua condição, qualquer que seja não necessariamente que envolva sua orientação sexual. Não é algo fácil, porém também não é fácil negar sua essência, privar-se de ser quem você é. Esse é o dilema que passa a personagem principal de “Carol”.
Carol Aird (Cate Blanchett) é uma mulher que está enfrentando um processo de divórcio, como é de costume, bastante conturbado. Therese Belivet (Rooney Mara) é uma jovem que ainda busca se encaixar profissional e pessoalmente. Encontram-se pela primeira vez numa loja de brinquedos que Therese trabalha e onde Carol vai comprar um presente para sua filha.  O início do romance entre Carol e Therese não é nada complexo, ambas parecem bem certas do que querem, ainda que Therese demonstre certo receio em determinados momentos, ela parece estar certa quanto seus sentimentos. Complexas seriam as conseqüências que causaria essa relação. Carol está tentando se divorciar de seu marido Harge Aird, interpretado por Kyle Chandler, e no meio disso tudo tenta permanecer com a guarda da filha, de quem ela evidentemente não pretende abrir mão, por outro lado Carol também não deseja abrir mão de seu relacionamento com Therese.

“Carol” não é um filme cujo foco central é ser polêmico, algo que pra mim é extremamente positivo, pois não utiliza de formas apelativas para nos apresentar a história de Carol e Therese. Este era um dos meus receios quanto ao filme, pois não queria ver um romance entre duas mulheres jogado na tela sem que me fizesse pensar sobre, sem que problematizasse o suficiente quanto a condição das mulheres e homens homossexuais, seja nos anos 50 ou agora, mostrando apenas cenas de sexos gratuitas que de nada agregaria à história principal. Nesse sentido o filme foi bem sucedido, a relação das duas personagens é naturalmente construída não há muita pressa em fazer as coisas acontecerem elas simplesmente acontecem.
É importante destacar o trabalho sempre excepcional de Cate Blanchett, que constrói uma pessoa verdadeira, imponente e fascinante. Mérito também à Rooney Mara que faz uma personagem mais contida, de personalidade bem distinta à Carol, talvez pela pouca idade que sua personagem aparenta ter. Acredito que ambas possam facilmente ser indicadas ao Oscar, Cate provavelmente vai (talvez já tenha sido indicada, dependendo de quando foi publicado ou lido esse texto), já que seu nome tem aparecido nas principais premiações. É provavelmente as atuações das duas atrizes principais que deixa a relação entre as personagens tão delicada e verossímil.
Histórias como a contada no filme não são tão difíceis de serem encontradas tanto nos anos 50 quanto atualmente. Mulheres obrigadas a tomarem decisões complicadas onde sempre haverá perdas, não importam quais sejam suas escolhas. E não é fácil compreender tais escolhas, nem justo taxar tais mulheres do que quer que seja, são situações que provavelmente apenas nós mulheres conseguimos entender, e mesmo assim não plenamente. Quando mostra esse embate numa época onde o direito das mulheres não foi totalmente conquistado, onde a liberdade sexual feminina não foi totalmente conquistado, tudo fica mais complexo. “Carol” conseguiu apresentar de maneira satisfatória esse conflito que mulheres de modo geral, sendo homossexuais ou não, acabam passando.







Excelente

Por Naiara Busulo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário