quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Crítica: "Kubo e as Cordas Mágicas"

Kubo e as Cordas Mágicas
(Kubo and the Two Strings)
Data de Estreia no Brasil: 13/10/2016
Direção: Travis Knight
Distribuição: Focus Features


         Chegando perto do fim do ano já estamos em um momento seguro para começar a arriscar palpites para o Oscar 2017. Pelas excelentes críticas que recebeu em território estadunidense, "Kubo e as Cordas Mágicas" certamente já entra como forte concorrente na disputa pela estatueta de melhor filme animado. E o faz com justiça, pois é certamente a melhor animação que assisti no ano (até agora). O filme acompanha a épica jornada de Kubo, um menino que mora com sua mãe no topo de uma montanha, próximo a um vilarejo. Logo no início do filme, uma série de eventos levam Kubo a partir em uma jornada em busca de uma espada, uma armadura e um elmo. Estes objetos foram antes procurados por seu pai, um lendário samurai, numa busca que de certa forma desencadeou todos os eventos narrados no filme.
          Antes de mais nada, é preciso dizer que o visual construído pelo time de criação de "Kubo" é indiscutivelmente magnífico. A opção foi uma mescla entre construções com stop motion (como mostra uma incrível cena de bastidores ao fim da exibição) e animação, conferindo ao filme um estilo visual muito único e condizente com a trama desenvolvida. Enquanto um puro stop motion poderia tornar o filme um pouco "travado", a animação por si só poderia conferi-lo um aspecto indesejado de artificialidade. É justamente a sábia mistura dos dois elementos que dá a "Kubo" o tom perfeito de lenda e misticidade que o roteiro exigia.
          Ainda nesse sentido, o universo criado dentro do filme é perfeito. Ele consegue envolver de maneira absoluta a história que nele se encaixa, fazendo com que todos os seus desenvolvimentos posteriores pareçam pertencer àquele lugar. A ideia de um Japão praticamente atemporal e etéreo que encara com naturalidade a magia e animais falantes me lembrou muito em diversos momentos a série animada "Avatar: A Lenda de Aang". Estes elementos vão sendo aos poucos estabelecidos pela marcha do roteiro e criam um mundo extremamente agradável e convidativo, uma vez que a narrativa construída sabe o explorar muito bem.
           Para que isto funcione é essencial uma boa construção de personagens, algo que certamente acontece aqui. Além do excelente Kubo, que às vezes denuncia sua imaturidade sem nunca soar irritante, temos uma gama de outros personagens que possuem ares mitológicos e nos fornecem uma grande congruência entre história e mundo. Vozes conhecidas pelo público, como por exemplo a de Charlize Theron, Ralph Phiennes e Rooney Mara, certamente ajudam nesse processo, ainda mais porque todos esses atores e atrizes dão performances muito boas e convincentes. Já Matthew McCounaghey merece um comentário a parte, por estar ótimo como o personagem do Besouro, que fornece não só um agradável alívio cômico como também constrói uma personalidade altamente fácil de se simpatizar.
      Apesar de todas estas qualidades, não posso negar que me senti levemente decepcionado ao fim da exibição. É possível que eu esteja sendo um pouco exigente demais com relação ao filme e principalmente seu terceiro ato, no entanto, acredito que seu começo e sua premissa me agradaram tanto que acabei por estabelecer meu padrão em um nível alto demais, ficando consequentemente um pouco desapontado com o desfecho do filme. É mais provável que isto seja somente uma impressão passageira, pois tenho certeza de que terei boas lembranças de "Kubo e as Cordas Mágicas", uma animação de um tipo raro: daquelas que funcionam tão bem para crianças quanto para adultos. Personagens envolventes, uma ambientação extremamente atraente e uma trilha sonora marcante são elementos que confluem para fazer desta uma das melhores animações do ano até o momento.








Ótimo

Por Obi-Wan

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