quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Crítica: "Jack Reacher: Sem Retorno"

Jack Reacher: Sem Retorno
(Jack Reacher: Never Go Back)
Data de Estreia no Brasil: 24/11/2016
Direção: Edward Zwick
Distribuição: Paramount Pictures


           Tom Cruise é sem sombra de dúvidas uma das maiores estrelas de Hollywood atualmente. Nome carismático e controverso dentro dos Estados Unidos (principalmente por conta da cientologia), sua figura é extremamente valiosa para os grandes estúdios, levando a um quase certo sucesso de bilheteria para o filme que conta com sua presença. Sendo assim, surgiu em 2012 "Jack Reacher", uma franquia de ação que tem como principal destaque a figura de Cruise no papel de protagonista. Tanto no filme anterior quanto nesta sequência, o renomado ator interpreta um ex-militar veterano que deixou o serviço por razões pessoais e acaba sendo obrigado a voltar à ativa. Neste filme de 2016, Reacher é um andarilho que vaga pelo país prestando alguns serviços esporádicos à uma Major do exército, que acaba sendo presa por espionagem, jogando Reacher em meio a uma grande trama de conspiração política.
        Imagino que a partir dessa breve descrição fica bem claro a qualquer um que a trama de "Jack Reacher" não passa de uma grande desculpa para o desencadeamento de uma série de acontecimentos que culminam em Tom Cruise chutando bundas. No entanto, a premissa do filme anterior, apesar de óbvia e rasa, fazia algum tipo de esforço para apresentar situações minimamente complexas e originais. Já neste filme há um plot conspiratório completamente sem graça e clichê envolvendo a guerra do Afeganistão e o tráfico de armas (algo tratado de forma muito mais competente em "Cães de Guerra" (2016). Dessa forma, aprendemos muito cedo que todos os acontecimentos do filme serão altamente previsíveis e convenientes ao roteiro, estando ali somente para justificar a existência das cenas de ação. Há até a inserção extremamente aleatória de uma suposta filha de Reacher, em uma tentativa de adicionar uma dramaticidade ao filme, deixando-o extremamente parecido com "Busca Implacável", e não de forma positiva.
          A fraca concha de retalhos que os roteiristas chamam de trama não é nem o principal problema de "Jack Reacher". O é o fato de os roteiristas constantemente superestimarem o material que tem em mãos e levarem tudo com seriedade demais para que o filme seja verdadeiramente divertido. Ao invés de assumir seu verdadeiro caráter de um filme de ação sem cérebro, "Jack Reacher" passa tempo demais explicando sua trama simplista e tentando desenvolver emoções entre os personagens que simplesmente não conseguem obter nenhum tipo de reação do público. Enquanto Cruise já é capaz de interpretar no automático o veterano durão Reacher, Cobie Smulders é uma agradável surpresa como a Major Turner. A atriz possui carisma suficiente para chamar atenção sem receber muita ajuda por parte do roteiro, e além disso prova ser muito capaz de executar boas cenas de ação. Já Danika Yarosh como Samantha não se destaca, mas também não compromete.
            Quanto a seu principal foco, as cenas de ação, "Jack Reacher" é bastante irregular. Edward Zick, que já havia provado ser um bom diretor em filmes anteriores como por exemplo "O Último Samurai" (2003) e "Um Ato de Liberdade" (2008), conduz o filme de maneira satisfatória. Quase todas as cenas de luta presentes no filme são bem coreografadas e executadas, sem cortes demais que impossibilitam acompanhar a ação ou câmera tremida em excesso, típicos recursos de diretores que tentam desesperadamente maquiar sua incompetência. Por outro lado, o diretor é majoritariamente incapaz de sair da mesmice, repetindo muitos dos mesmos enquadramentos e movimentos de câmera para situações semelhantes (o filme tem umas 8 ou 9 cenas de pessoas correndo que parecem exatamente iguais). Esse tipo de repetição faz com que o filme logo torne-se monótono e cansativo, fazendo com que suas duas horas de exibições tornem-se um grande peso. 
           Apesar de possuir todo o tipo de problemas, "Jack Reacher" não chega nem perto de ser algo ruim e completamente descartável, uma vez que joga seguro em todos os seus elementos e apresenta justamente o que se espera de um filme como este. Porém, é justamente por não se arriscar que "Jack Reacher" não traz nada de novo e perde grande parte de seu potencial de entretenimento, tornando-se uma experiência cansativa e não muito proveitosa. Mesmo em um ano de baixos padrões cinematográficos como 2016 vem se mostrando, "Jack Reacher" é a definição clássica de um filme








Regular

Por Obi-Wan

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