quarta-feira, 1 de abril de 2015

Crítica: "O Ano Mais Violento"

O Ano Mais Violento
(A Most Violent Year)
Drama/Suspense/Policial - 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 02/03/2015
Direção: J. C. Chandor
Distribuidora: Paris Films



De uma certa forma O Ano Mais Violento se beneficia e se prejudica devido a uma única palavra, "Expectativa". Pois se o filme ganha força justamente por nos fazer esperar uma grande cena devido o contexto maravilhoso que este nos apresenta (seja em sua construção, com os atores e produção, ou com o rumo da história), também acaba por frustrar por caminhar por temas comuns, de uma forma comum, para um resultado comum, ainda que nos brinde com grandes atuações e belos trabalhos técnicos.
Mas me adianto, vamos a história: O inverno do ano de 1981 é considerado como um dos mais violentos da história de Nova York, em meio a tal contexto o filme foca na vida de um imigrante e sua família tentando expandir os seus negócios petrolíferos enquanto um envolvimento cada vez maior com atividades ilícitas acabam por tentar traga-los.

A partir dessa premissa o roteiro passa a se desenvolver praticamente entre dois blocos (mesmo que isto se dê em três atos bem definidos), cada um de uma hora. A primeira hora se passa de forma lenta desenvolvendo seus personagens principais, o ramo de negocio destes, suas ambições, suas inserções no contexto de violência da época até nos mostrar os obstáculos que se põe em seus caminhos e desenvolver esses de forma lenta e gradual. A segunda hora de filme é bem mais agitada, mas não parte para ação desenfreada, levando a narrativa para a resolução de certos fatos bem como um esclarecimento maior deste. Assim, se o roteiro merece aplausos por sua objetividade e visão perfeitamente clara do que deseja contar, ele acaba por soar burocrático demais e não revelar nada de novo sobre qualquer elemento presente no universo daqueles personagens.
Acaba por faltar á este filme qualquer cena que soe meramente memorável, todas são eficientes, mas nenhuma choca realmente (e a cena que provavelmente foi pensada para isso soou banal), parte disso se dá ao fato do filme em si dividir uma característica com seu personagem principal, Abel Morales (Oscar Isaac),  que é a de se afastar de qualquer atividade violenta, e quando tal finalmente acontece acaba por parecer meio deslocada em ambos os casos.
Oscar Isaac, vale destacar, faz um trabalho sensacional ao interpretar Abe,l dando uma profundidade ao personagem digna de Al Pacino como Michael Corleone, dizendo muito e falando pouco. Percebemos que o personagem possui um passado humilde do qual este se orgulha, porém que não deseja jamais voltar. Abel Morales é ainda um homem determinado em prosperar nos negócios e parece se fazer de cego para todas as burladas de lei que inevitavelmente sua empresa tomou durante anos. Até a sua integridade exacerbada (Serpico e Batman ficariam impressionados) não soa forçada graças a performance de Isaac.
Porém seria completamente injusto fazer tantos elogios a Isaac sem mencionar Jessica Chastain, uma atriz que a cada dia mais impressiona por sua versatilidade e que cria Anna Morales como a filha de um gangster e que, ao contrário do marido, possui reações explosivas e deliberadamente ilegais, enquanto ainda mantem um tom de racionalidade completamente conveniente naquele mundo de violência. E o desenvolvimento do sotaque típico do Brooklyn é um show a parte!
Mesmo assim, a triste verdade é que após o termino da projeção eu me sentia frustrado pelo filme ter prometido tanto e ter dado tão pouco. Qualquer informação contida sobre o submundo de grandes corporações e sobre a realidade de investigações publicas ja foi usada por diversos outros filmes de forma muito mais eficiente. Chandor, um diretor com o nome em alta no momento, perde grandes oportunidades visuais de tirar energia de determinadas cenas mesmo que consiga criar grandes planos com um envolvimento visual perfeito com a direção de arte (criando padrões de cores de roupas que acrescentam à narrativa) e a fotografia (praticamente em homenagem ao gênio Gordon Willis) que nos remetem aos anos 80 sem ser de forma obvia e dando um claro tom de romântico e decadente ao filme .
O Ano Mais Violento acaba por ser o tipo de filme nos faz lamentar por não termos três estrelas da morte e meia para avalia-lo, pois o filme funciona bem e tem plena certeza do que quer dizer, sendo mais do que bom, porém não sai do lugar comum, não chegando nem perto de ser ótimo. O filme naufraga realmente muito perto da praia e morre devido a sua própria falta de ambição.







Bom

Por Han Solo

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